Daniel Alfonso León[1]; Ana
Paula Capello Rezende[2];
Marcos Sorrentino[3]; João
Dagoberto dos Santos³; João Portella Sobral³; Antonio de Miranda[4];
Dionara Soares Ribeiro[5];
Paulo Yoshio Kageyama³.
Resumo: O artigo
apresenta uma reflexão sobre como construir uma noção de comunicação que ajude
a manter em diálogo os propósitos de uma escola popular com a realidade de
acampados e assentados do MST, e como a comunicação pode contribuir na formação
de camponeses em agroecologia e de assentamentos agroecológicos. Esses
elementos fazem parte dos desafios que já apareceram e os que estão por vir na
construção da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, no
extremo sul de Bahia. O trabalho dialoga com três situações, primeiro, as
condições socioeconômicas que marcaram a história recente da região, segundo, o
processo de construção da Escola Popular e por último, a formação de um
coletivo de comunicação com alguns jovens dos acampamentos da região. Com isso
se quer visibilizar as possibilidades que oferece a comunicação para o trabalho
em agroecologia, um processo formativo a partir da realidade dos próprios camponeses.
Palavras chave: agroecologia; comunicação; movimento social;
território camponês.
Introdução
A Escola Popular de Agroecologia
e Agrofloresta Egídio Brunetto nasce como uma conquista do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra no extremo sul de Bahia, processo que conta com
apoio da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Universidade de São
Paulo – ESALQ/USP através do Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão em Educação e
Conservação Ambiental (NACE-PTECA-PPDARAF) e da OCA – Laboratório de Política e
Educação Ambiental e do Instituto Cabruca. Durante esses primeiros dois anos,
sua dinâmica centrou-se em dois aspectos fundamentais, por um lado, a busca
coletiva das bases e princípios que devem fazer parte da construção da escola
em suas dimensões situacional, política, pedagógica e organizativa e por outro
lado, a realização de processos de formação em agroecologia com foco em uma equipe,
com a qual se espera constituir um grupo de multiplicadores dos conhecimentos
aprendidos e que consigam propiciar junto aos acampamentos[6]
processos de planejamento em uma perspectiva agroecológica, inovando na
construção dos assentamentos e fortalecendo novas relações com a natureza.
A partir destes propósitos destaca-se
a relevância da parceria entre movimento social e universidade, relação essa
que no contexto atual da Reforma Agrária a nível nacional e frente aos impactos
do modelo do agronegócio imposto ao campo, fortalece a luta pelo direito à
terra e a uma vida digna. Desta forma, a universidade, cumprindo sua função
social se envolve na análise e no desenvolvimento de propostas estratégicas e
produtivas para superar muitas das situações que estão afetando a agricultura
camponesa, cada vez mais esquecida no cenário acadêmico e nas tomadas de
decisão políticas, nos apoios governamentais e na orientação de políticas
públicas. Portanto, esse tipo de relação contribui com a agroecologia e com a
reforma agrária incorporando um diálogo interdisciplinar e, sobretudo, na forma
em que tem sido construída essa experiência, um conceito de agroecologia que
vai além dos princípios ecológicos produtivos, incorporando outros princípios e
metas sociais, culturais e políticas[7].
O que se apresenta a seguir retoma
o papel da comunicação na construção da Escola Popular e na formação de
camponeses em agroecologia e de assentamentos agroecológicos. Para muitos a
primeira vista, a comunicação se reduz a essa relação emissor - receptor ou aos
meios de comunicação com os quais, no caso brasileiro, segundo Fernando
Paulino, são controlados por empresas que através de uma “rede” de comunicação
camuflam o controle das principais cadeias de rádio e televisão[8].
Entretanto, a comunicação é muito
mais que isso. Tomando o caso da Escola Popular, sua proposta, suas atividades
e as transformações que pretende alcançar a curto, médio e longo prazo, juntas
levam a pensar a comunicação a partir de outros pontos de vista. Ou seja, uma
comunicação que envolva os sujeitos do processo de maneira constitutiva, que
tenha em conta seus vínculos históricos, culturais, políticos e econômicos, em
poucas palavras, recupera o diálogo e a participação como eixos centrais dos
processos de transformação da realidade.
Sendo assim, como os sujeitos participantes
do processo de uma escola popular, sejam eles, camponeses, técnicos,
militantes, assessores, professores, jovens e mulheres se preparam para gerar as
transformações necessárias para a construção da agroecologia no seu território
– os assentamentos. Como manter em diálogo os conhecimentos que os camponeses têm
sobre seus territórios e os conhecimentos técnicos que enriquecem a agroecologia.
Desde este ponto de vista, se apresentam
a seguir alguns elementos que surgiram de maneira voluntária dentro do processo
da Escola. Elementos que se referem à construção de uma noção de comunicação a
partir da realidade dos sujeitos envolvidos na construção da Escola Popular,
alguns resultados alcançados e os desafios para seguir trabalhando.
Região do
extremo sul da Bahia
Segundo Fontes e Melo, de acordo
com fontes oficiais e priorizando fenômenos socioeconômicos e demográficos, a
região do extremo sul possui um perfil heterogêneo. Com uma superfície de
30.678 km² e 21 municípios, a região caracteriza-se em três zonas constituídas
em momentos históricos específicos e com diferenças significativas entre si: a
Litorânea, a Central e a do Oeste. A zona centro integrada pelos municípios de
Teixeira de Freitas, Eunápolis e Itamaraju, é a mais povoada e faz parte de sua
formação a construção da BR 101, o ciclo de extração e exportação de madeira, a
pecuária com o predomínio de grandes propriedades e os monocultivos de
eucalipto para produção de celulose[9].
A zona litorânea é a mais antiga
de povoamento e nela desenvolveram-se atividades turísticas como consequência
da construção da BR 101. Já a zona Oeste tem uma baixa densidade demográfica e
possui algumas atividades econômicas como a pecuária, cultivos de cacau e café
e nos últimos 30 anos tem sido alvo de investimentos estrangeiros. Em seu
conjunto, a região do extremo sul tem se convertido em uma das mais importantes
economicamente para o estado da Bahia, por ser sede de grandes projetos
industriais e de investimento nas áreas da silvicultura e celulose, pecuária e
o turismo, projetos que se integram a economia nacional e internacional.
Figura
I:
Região do
extremo sul da Bahia
Fonte:
FONTES, Ednice de Oliveira, MELO e SILVA, Sylvio Carlos Bandeira de.
Desigualdades regionais no extremo sul da Bahia: desafios e oportunidades.
2005, p.53-59.
Na configuração atual, segundo
dados de 2008 da Superintendência
de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia[10],
com as mudanças recentes da região, mais da metade das terras ainda são
ocupadas por pastagens, 55.87%. Apesar disso, foi registrada redução das áreas
de pastagem por conta do avanço das áreas de plantios de eucalipto, que compõe
21,54% das terras da região, seguidos dos remanescentes florestais que
representam 14,24%, sendo estes uma mescla de matas secundárias degradadas e
matas primárias principalmente localizadas em topos de morros e reservas
legais. As demais culturas como cacau, café, cana-de-açúcar e mamão,
representam 6,61% da área total.
A partir destes elementos podem
ser identificadas quatro principais consequências destes processos para o setor
rural na região:
- Os impactos ambientais gerados com o desmatamento da Floresta da Mata Atlântica, principalmente após abertura da BR-101, com as madeireiras que se instalaram na região, que derrubavam a floresta abrindo caminho para produção extensiva de gado e do reflorestamento de eucalipto para fins industriais.
- O investimento privado com fins agroindustriais aumentou a concentração de terra e diminuiu a demanda de mão de obra assalariada na região, agravando a situação de extinção da pequena e média propriedade rural. Isso ocasionou profundas transformações na estrutura agrária da região e consequentes desequilíbrios regionais através da tendência à reconcentração da terra, principalmente ao norte e ao sul da região.
- A implantação de atividades rurais menos intensivas em demanda de mão de obra, como a silvicultura, tem favorecido a expulsão do “homem do campo” mudando a estrutura fundiária, com destaque para as unidades familiares, diminuindo a produção de alimentos na região.
- O grande volume de investimentos públicos e privados direcionados para o dinamismo da economia regional de celulose, pecuária e o turismo aumenta as desigualdades na educação, saúde, saneamento básico e distribuição da renda no setor rural.
Entender este contexto de intensas
mudanças na configuração do território do extremo sul da Bahia, desde a década
de 70, é fundamental para poder influenciar em sua transformação. Desta forma,
é importante destacar que o êxodo rural, as desigualdades sociais e a
concentração de terra propiciaram o nascimento do MST nesta região da Bahia.
Com 25 anos de historia, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra,
mediante enfrentamentos, ocupações, caminhadas e a construção de alianças a
nível local e nacional, se torna uma possibilidade política para centenas de
camponeses que buscam uma reforma agrária justa e digna.
Segundo
Rezende, 2012[11],
o MST a partir dos anos 90 iniciou uma mudança a nível nacional na orientação
política do foco de suas lutas. “Não era mais o latifúndio improdutivo, o Estado burguês e seus aparatos,
não que estes tenham deixado de existir, mas a centralidade dos enfrentamentos
mudou. O MST entendeu que com o avanço do capitalismo no campo, quem passou a
ditar regras foram os grandes grupos econômicos, multinacionais que atuam desde
a produção da matéria prima ao produto final.” Mudança que na região do extremo
sul significou colocar o foco das lutas nas
empresas multinacionais, produtoras de eucalipto para celulose. Desta forma,
dede 2005 vem ocupando áreas da antiga Aracruz (atual Fibria), da Veracel e da
Suzano. Esta luta tem gerado frutos na região, com potencial de conquista de
muitos novos assentamentos, também atuando como incentivo e fortalecimento de
outras ocupações de outros movimentos sociais
A partir deste processo, o MST
nesta região em 2005 possuía cerca de 1.823 famílias assentadas e duas mil
famílias acampadas. Quanto ao território geográfico, o MST ocupava cerca de
41.396 hectares de terra[12].
Com a luta contra as empresas de eucalipto espera-se conquistar aproximadamente
30 mil hectares, assentando mais de 2 mil famílias, com a possibilidade de estabelecer
parcerias com universidade, estado e outros atores para avançar na Reforma
Agrária com a estruturação de assentamentos agroecológicos.
Pensar em
uma Escola Popular neste contexto.
O conceito de “território camponês”
possibilita a compreensão de algumas características deste processo. Ao se
instalarem na região do extremo sul, estes projetos econômicos do agronegócio
florestal encontraram lugares nos quais uma enorme diversidade de culturas camponesas
construía e ainda constrói sua existência, com a produção de alimentos
saudáveis, consumidos principalmente pelas populações urbanas.
As relações capitalistas ao se
apropriarem da riqueza produzida pelo trabalho familiar camponês, também se
apropriam de seu território. Ao perder a propriedade, seu espaço de vida, seu
sítio, sua terra e território, a família camponesa é desterritorializada. Neste
sentido, simultaneamente quando o capital busca apropriar-se do território camponês,
esses camponeses que já foram expulsos de suas terras, organizam-se para
recuperar o que perderam, fazem um movimento de reterritorialização. O
processo de territorialização-desterritorialização-reterritorialização
(T-D-R), representa a essência da resistência do campesinato no enfrentamento
com o capital[13].
É a desterritorialização que
repercute sobre o modo de vida dos trabalhadores do campo e das comunidades,
cria uma situação de insegurança alimentar e de contaminação ambiental e
humana, modifica as relações de trabalho. Soma-se a isso a vinda de
trabalhadores rurais de outras regiões, que por diferentes razões perderam seu
território e seguem em busca de novas possibilidades.
O que se deseja na organização de
“Assentamentos Agroecológicos”[14]
é retomar e reconstruir esse território camponês a partir da compreensão de que
a relação social que constrói esse espaço é o trabalho familiar,
associativo, comunitário, cooperativo, para o qual a reprodução da família
e da comunidade é fundamental. Diante da conjuntura de parcerias
interinstitucionais envolvendo o Movimento Social, a Universidade, o INCRA, o
Governo da Bahia, Empresas privadas e organizações do Terceiro Setor,
pretende-se avançar na concepção e estruturação dos assentamentos da região.
Neste sentido, a construção da
Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egidio Brunetto cumpre um
importante papel na luta pela reforma agrária e na reconstrução do território
camponês na região. Além de apontada como uma demanda regional, investir na
educação e na formação dos sujeitos envolvidos no processo é uma das formas de construir
a instrumentalização e autonomia produtiva dos camponeses, e assim, garantir a
sustentabilidade dos assentamentos ao longo do tempo, colocando as famílias
como os sujeitos desta transformação.
A agroecologia é entendida como ferramenta
estratégica para o desenvolvimento dos assentamentos, e do território, caracterizando
uma proposta de se fazer agricultura valorizando os conhecimentos tradicionais,
utilizando e desenvolvendo tecnologias apropriadas que potencializem as formas
de organização coletiva. A Escola pretende ser referencia regional na formação
em agroecologia e agrofloresta, ser um espaço educador que tenha como seus
pilares a coletividade, o trabalho, o estudo, a participação e a organicidade.
A Escola se propõe ainda a
praticar uma pedagogia que impulsione à participação democrática, a valorização
do meio rural, a identidade de assentado/agricultor/habitante do extremo sul da
Bahia, a iniciativa e criatividade, a coerência entre o que se ensina e o que
se realiza e a construção dialógica e crítica do conhecimento.
Durante os primeiros dois anos de
existência, a Escola atuou em dois eixos principais: na formação da própria
equipe da escola e de uma equipe que atua nos “Assentamentos Agroecológicos” e
na realização de algumas atividades de formação e capacitação em agroecologia. Pretende-se
a partir de algumas experiências concretas poder consolidar referências
regionais de agroecologia em assentamentos rurais e avançar na construção da
agroecologia na região.
O desafio principal do
processo é fazer com que a escola seja parte do cotidiano das
famílias assentadas e acampadas, é compreender a realidade, capturar as
demandas e contribuir para a transformação social. Desta forma, o diálogo da
equipe de condução da escola e da equipe que atua no cotidiano com as famílias
é fundamental para o planejamento de atividades de formação e bom andamento dos
trabalhos.
Assim, após um ano de aproximação
a essa realidade, foi possível organizar o primeiro módulo de três, de um
processo de formação de formadores em agroecologia, que tem como foco os
sujeitos das 7 áreas mencionadas. Este processo de formação quer apropriar os
51 participantes em ferramentas e metodologias para o planejamento e a
implantação de agroecossistemas diversificados e a transição agroecológica das
famílias e dos assentamentos da regional do extremo sul da Bahia, além de
organizar Núcleos de Agroecologia e Educação, que irão atuar com o conjunto das
famílias dos assentamentos juntamente com a Escola e com o Coletivo de
Comunicação.
Coletivo
de comunicação
O que torna popular uma escola
popular? Este é um dos pontos de partida para pensar uma estratégia de
comunicação a partir de e para os próprios acampados e assentados. Neste
sentido, existem quatro elementos importantes: a) uma escola popular é aquela que
parte das contradições existentes, ou seja, parte de uma leitura crítica da realidade
e do papel da educação formal neste contexto; b) uma escola popular é aquela que
politicamente cumpre o
papel de mediação nos processos de transformações dos setores populares camponeses;
c) uma escola popular é aquela que desenha um projeto político pedagógico para
a difusão, produção de conhecimentos e construção de novas relações
entre as pessoas e destas com a natureza; d) por último, uma
escola popular é aquela que promove a participação
coletiva dentro dos territórios camponeses mediante diferentes espaços
educadores, de trabalho e organização[15].
Este último elemento
relacionado com a participação resulta ser muito importante na construção da
escola e na construção de sua estratégia de comunicação. A comunicação nesse
sentido se relaciona com as necessidades de comunicar-se e fazê-lo bem, ou
seja, um diálogo entre os interlocutores do processo que contribua para o
fortalecimento do próprio processo para alcançar as transformações desejadas.
Para isso, considera as formas de dizer, de fazer e representar dos camponeses
em seus territórios e no movimento, a partir daí recriar os processos de
formação e informação da escola.
O coletivo de
comunicação é composto por jovens dos setores de juventude e comunicação dos
acampamentos Jacy Rocha, São João, Rosa do Prado, Herdeiros da Terra, Abril
Vermelho e 25 anos. Jovens com uma participação ativa dentro do movimento e que
de maneira direta ou indireta mostraram interesse na produção de meios de
comunicação, especialmente vídeo, fotografia e jornal.
O coletivo iniciou um
processo de formação que tinha como foco quatro elementos:
1.
Território. Neste tema,
utilizando a ferramenta do desenho, os jovens desenharam sua representação
sobre o lugar que habitam, a partir daí, gerou-se um diálogo sobre as situações
que os levou a fazer parte deste processo em uma região de monocultivos de
eucalipto. Isso permitiu reconhecer que o território se constrói como resultado
das lutas e contradições do setor rural, ainda assim, são geradas condições de
permanência em termos históricos, culturais, políticos, organizacionais, produtivo
e ambiental.
2.
Território e
comunicação: considerando etimologicamente a palavra comunicação, que significa
“colocar em comum”, “compartilhar”, “participar”, “criar comunidade”, exploraram-se
os modos de dizer, de fazer e de representar dentro dos acampamentos. Isso
permitiu explorar que a comunicação está presente de diferentes formas dentro
do acampamento e desmistificar que a comunicação são os meios de comunicação.
3.
Comunicação e
diagnóstico: a ideia deste ponto foi fazer uma descrição gráfica dos intercâmbios
que acontecem dentro e fora dos acampamentos em termos de informação,
relacionados principalmente com as atividades agrícolas, sem desconsiderar as
outras dimensões do território. Ainda que nem todos os membros do coletivo
estejam diretamente relacionados com a produção, os diagnósticos permitiram
identificar como se percebe o trabalho da escola e suas atividades de formação
em agroecologia. Com isso surge a necessidade de fortalecer, a partir da
comunicação, três elementos: a) intercambio de experiências; b) socialização de
conhecimentos populares que possuem os camponeses dos acampamentos; c)
propiciar diálogos sobre como a agroecologia se relaciona com os diferentes sujeitos
em um acampamento (jovens, mulheres, agricultores, dirigentes, técnicos).
Figura II: diagnóstico da comunicação
elaborado por jovens do Acampamento São João
4.
Maleta de vídeos e
Jornal. Buscando atender estas necessidades de comunicação a partir do coletivo
foram propostas duas ferramentas: Jornal e maleta de vídeos.
a.
Jornal “A Farinhada”: apoiado
no significado local que têm as Farinheiras como espaço de comunicação e
socialização entre os assentados, o Jornal está dedicado a levar e trazer
histórias e socializar os aprendizados que estão surgindo no processo de
construção da Escola Popular. Mostrando trabalho solidário, com cantos e
brincadeiras, com um jeito de fazer prazeroso, compartilhado por compadres e
comadres.
Figura IV: Jornal "A Farinhada"
elaborado pelos jovens do coletivo de Comunicação
b.
Maleta de Vídeos: Foi
pensada para atuar como ferramenta audiovisual pedagógica em processos de
formação, fortalecendo o trabalho dos técnicos nos acampamentos e trazendo
experiências e conhecimentos de outros lugares. Está organizada em sete
temáticas - Agroecologia, Agrofloresta, Cultura, Educação, Questão Agrária,
Gênero e Realidade Brasileira, pensada para fortalecer o trabalho dos técnicos
nos acampamentos e trazer experiências e conhecimentos de outros lugares[16].
Figura III: Maleta de Vídeos da Escola
Popular de Agroecologia
e Agrofloresta Egídio Brunetto
Considerações
finais
A riqueza que tem a comunicação
nos processos de formação, como é o caso da Escola Popular de Agroecologia e
Agrofloresta Egídio Brunetto, esta nas possibilidades que esta oferece para
enriquecer o processo. Quer dizer, nesta época de globalização e sobrecarga de
mensagens comunicativas, pensar a comunicação a partir dos modos de ação,
inter-relações e valores que tem os camponeses em seus territórios, permite o
diálogo entre o saber popular camponês e os conhecimentos científicos que
enriquecem a agroecologia e assim, prevê a formulação de mensagens com a
participação dos interlocutores em função das necessidades de aprendizado das
comunidades. Portanto, pensar a comunicação entre interlocutores, supõe falar
de sujeitos, não de objetos, de desenvolvimento com direito a participar, através
da comunicação, na definição de suas próprias prioridades em relação à forma
como se pode conseguir uma melhor qualidade de vida.
Com os jovens e a equipe da
Escola Popular, procura-se avançar nesta proposta. Para isso criam-se alguns
espaços de diálogo-formação e ao mesmo tempo se produzem algumas peças
comunicativas que tem um valor de uso para as famílias camponesas, para que
estas possam participar neste processo da agroecologia e como diria a
professora Elza Sousa Salles em um poema sobre a agroecologia:
“nosso
lema não é só produção
preocupamos
com sua vida
vida de
outras vidas
que é a
beleza do sertão
felizes
são as camponesas Sem Terra
sem
agrotóxico plantam o chão”
[1] Candidato
a Magíster en Historia Universidad Industrial de Santander, Colombia/
Equipe Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto. danielchucuri@hotmail.com
[2] Engenheira Florestal
e Licenciada em Ciências Agrárias- ESALQ/USP-
Equipe Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, umbuana@yahoo.com.br
[3] ESALQ/USP
- Núcleo de
Apoio à Cultura e Extensão em Educação e Conservação Ambiental
(NACE-PTECA-PPDARAF)
[4] Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
[5] Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST/ Equipe Escola Popular de Agroecologia
e Agrofloresta Egídio Brunetto
[6] A Escola pretende ser referencia
regional na formação em agroecologia e agrofloresta, sendo que inicialmente
trabalha com aproximadamente 1000 famílias que fazem parte de 7 acampamentos, os futuros “Assentamentos
Agroecológicos”,
localizados nos municípios de Prado, Teixeira de Freitas e Alcobaça.
[7] MACHÍN SOSA,
Braulio. et. al. Revolución Agroecologica: el movimento de campesino a
campesino de la ANAP en Cuba. http://www.viacampesina.org/downloads/pdf/sp/2010-04-14-rev-agro.pdf
Consultado maio
de 2013.
[8]PULIDO, Fernando.
Mapa mediático y situación política de Brasil. http://www.kas.de/wf/doc/kas_15465-1522-1-30.pdf?110208220805. Consultado em
maio de 2013.
[9] FONTES,
Ednice
de Oliveira, MELO e SILVA, Sylvio Carlos Bandeira de.
Desigualdades regionais no extremo sul da Bahia: desafios e aportunidades.
Anais do X Encontro
de Geografia
da América Latina.
Universidade de São
Paulo,
2005.
[10]SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA
BAHIA. Uso atual das terras: Bacias do
Extremo Sul e do Rio Jequitinhonha. – Salvador: SEI, 2008. 176 p. il.
(Série estudos e pesquisas, 81).
[11]
REZENDE, Ana Paula Capello. ESALQ e MST no processo de construção de um Centro
de Formação, Educação e Pesquisa em Agroecologia e Sistemas Agroflorestais no
extremo sul da Bahia. Relatório de Estágio Profissionalizante. ESALQ, USP.
Piracicaba, Junho, 2012.
[12] ARAÚJO,
Maria Nalva Rodrigues de. A luta pela terra na região extremo sul da
Bahia/Brasil: um estudo da espacialização e territorialização do Movimento
dos Trabalhadores Rurais sem Terra (1985-2005). Trabalho apresentado no VIII
Congresso Latinoamericano de Sociologia Rural, no GT 18- Reforma agrária:
territorialidade e desenvolvimento sustentável, Porto de Galinhas, 2010. P 5.
[13] FERNANDES,
Bernardo Mançano. Dicionário da Educação do campo. Caldart, Roseli Salete. et.
al. (org.) Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio, Expressâo Popular, 2012, p.746-750.
[14] Esse é o nome dado ao projeto, parceria do MST com a
ESALQ/USP e o Instituto Cabruca que trabalha com sete acampamentos localizados
nos municípios de Prado, Teixeira de Freitas e Alcobaça. Sendo estes: São João, Bela Manhã,
Jacy Rocha, Herdeiros da Terra, José Martí, Abril Vermelho e Antônio Araújo.
[15] PIZETTA, Adelar. Construção de Uma Escola Popular no Contexto da
Reforma Agrária. Seminário Plano de Implantação, Escola Popular de Agroecologia
e Agrofloresta Egídio Brunetto, 16 e 17 de março de 2013.
[16]
Cinco recomendações para utilizar a maleta: 1) O Núcleo de Agroecologia e
Educação ou o Setor de Produção de cada acampamento ou assentamento pode
utilizar os vídeos para debater algum tema junto aos acampados e assentados; 2)
Os jovens podem organizar um Cineclube, programar para qualquer dia da semana a
exibição de um dos vídeos e ao final da exibição preparar uma fala sobre o tema
do vídeo, provocando o debate entre todos os participantes; 3) As mulheres
podem realizar suas reuniões de trabalhos e estudos coletivos, começando por
conhecer diversas experiências de organização de mulheres que estão presentes
nos vídeos da maleta; 4) Os educadores podem aproveitar os vídeos da maleta
para introduzir alguns temas dentro de suas aulas e enriquecer seus trabalhos;
5) Os técnicos podem marcar um Cineclube para complementar os debates que fazem
no dia a dia com as famílias em suas roças. Ou quando identificarem um problema
no acampamento ou assentamento, propor a exibição de um filme que dialogue com
este problema.
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